A Origem do MPVEC Semente Estelar

Observação: Esta é uma história verídica. Os nomes dos personagens são fictícios; qualquer semelhança é uma mera coincidência.

 

Morei em São Paulo por dezessete anos. Minha família resolveu voltar a morar em Salvador e, a cada dois meses, os visitava, percorrendo 2.000 km entre São Paulo, capital (Sudeste do País), e Salvador, no Nordeste; até que, no ano de 1991, mudei-me definitivamente para junto de minha família. Já em Salvador, comecei a trabalhar como Psicanalista, dividindo uma sala no Vitória Center com uma Psicóloga, próxima ao Shopping Barra.

Inicialmente, sem conhecer muita gente, começaram a surgir alguns pacientes. Nesse meio tempo, apresentou-se uma nova oportunidade, e comprei uma empresa, uma indústria de móveis, com mais de quinze anos no mercado; e comecei a gerir essa indústria, além dos trabalhos no consultório. Na indústria, fiz investimentos financeiros no setor de produção, projetos e no administrativo. Também fazia algumas vendas, mas dedicava-me principalmente ao consultório. Trabalhei pelo menos uns dois anos como Psicanalista, nesse consultório. Tive conhecimento sobre uma senhora que realizava regressões. Naquele momento, em Salvador, o campo das terapias regressivas parecia bastante promissor. Eu já estava atingindo uma boa visibilidade com meus atendimentos em Psicanálise e Hipnoterapia, inclusive na mídia (regressão e vidas passadas estavam tão em moda que tornaram-se temas de algumas novelas). Com isso, pensei que seria o momento de diversificar as minhas técnicas de tratamento, pois eu já utilizava dessas técnicas de regressão em São Paulo e achava que, em Salvador, não encontraria a mesma aceitação. Mas a partir do momento que iniciei os tratamentos, comecei a me firmar; comecei a dar muitas palestras e a dar entrevistas em canais televisivos. Foi ainda no consultório, no Vitória Center, que a Espiritualidade me passou uma inovadora técnica terapêutica, dentre outras, já editada em livro. Após deixar de trabalhar no Vitória Center, fui trabalhar em uma Clínica no bairro do Rio Vermelho. Nesta, havia uma sala de reunião, onde comecei a fazer algumas palestras, às terças-feiras, sobre os ensinamentos do Cristo, um tema que sempre gostei; assim como práticas de Hipnose. Após uma dessas palestras, fui procurado pelo presidente de uma sociedade de estudos extraterrestres que reportou-se da seguinte forma:

– Professor Almeida, em nosso grupo há pessoas que dizem ter sido abduzidas e gostaríamos de ter uma prova. Uma vez que o senhor trabalha com Hipnose, pensamos que, através dessa técnica, seja possível acessar os registros do inconsciente dessas pessoas e trazer essas informações à tona.

Eu, sentindo que poderia ajudá-los, aceitei fazer o trabalho de hipnose com as pessoas que disseram ter sofrido abdução, com a única condição de que o meu nome não fosse divulgado; mas lhe entregaria um relatório. Ele concordou e, no dia marcado, trouxeram-me a primeira pessoa, uma mulher, a qual coloquei em um estado alterado de consciência e tentei acessar o seu inconsciente. Nesse momento, através dela, num tom de voz diferenciado, disse-me:

– Não, você não pode acessar esses arquivos. Esses arquivos são nossos. Trabalhamos com ela. Ela possui uma terra em Mucugê (interior da Bahia) e precisa iniciar um trabalho lá para ajudar a humanidade, pois outros acontecimentos estarão ocorrendo e será necessário implantar algumas bases para equilibrar a energia do planeta.

Depois de muita conversa e de muita insistência de minha parte, chegamos em um acordo e disseram-me:

– Nós lhe conhecemos de outras vidas; cabelos longos, vestia túnica branca. Agora, nesta vida, gostaríamos de contar com a sua colaboração.

Então me pediram para que eu me unisse a ela no desenvolvimento do trabalho que estava destinado a ser realizado na Chapada, nas terras dela, em Mucugê-BA, onde pretendiam construir uma comunidade. Comprometi-me. Em seguida, liberaram os arquivos da abdução em detalhes. Fiz o relatório, chamei o Presidente da Associação e entreguei-lhe o relatório que confirmava a veracidade dos relatados sobre a abdução e os seus objetivos. Então, muitas coisas depois disso começaram a acontecer.

Continuei com as minhas reuniões, às terças-feiras à noite, para tratarmos de assuntos de autoconhecimento.

Em um determinado dia, fui convidado para um evento no Instituto Português, localizado no Campo Grande. Em um auditório grande, eu estava sentado, e em três ou quatro filas de cadeiras à minha frente havia uma senhora que sempre olhava para mim. Voltava-se para traz e para frente; até que ao término do evento, ela veio até mim e disse:

– O senhor é o Dr. Almeida?

Eu disse:

– Sim, sou Almeida.

– Ah, eu queria tanto fazer uma regressão. Quero muito falar com o senhor. Dê-me seu número.

Passei-lhe o meu número. Posteriormente, ela me ligou para agendar uma consulta; e, no dia marcado, chegou ao consultório. Durante o atendimento, coloquei-a em um estado alterado de consciência e, através dela, uma voz que me disse o seguinte:

– Nós a colocamos em uma determinada frequência na qual ela não tem consciência de nossa comunicação, porque precisávamos falar com você. (Este Ser se apresentou como Doutor Vino. Eles vivem em uma nave mãe muito grande e ele é o responsável pelo departamento médico. Ele cuida da humanidade no ramo da medicina, mas dentre eles, muitos outros; nomes me foram passados, que já não recordo). E com certa desconfiança, lhe disse:

– Eu não acredito nessas coisas.

Então respondeu-me:

– Você tem razão. Mas, no Panará existe um médico, com o qual nós contatamos. Passamos-lhe algumas coisas para ele, já desenvolve alguns trabalhos conosco e desejávamos que você também desenvolvesse. Tente um contato com esse médico para averiguar a veracidade dos fatos.

Já ao final desse primeiro contato, continuou:

– Olha, você tem um filho. O seu filho mais velho, ele está doente. Está com uma alteração no fígado, não é?

– É. – respondi-lhe.

– Neste momento ele está em casa, verdade?

– Exato.

– Está fazendo um tratamento médico, não é?

– Sim. – confirmei mais uma vez.

– Para que você acredite em nós; ao você chegar em casa, coloque uma luz azul no quarto e deixe o resto conosco.

E conforme essas instruções, procedi. Ao chegar em casa, coloquei a luz azul. Meu filho dormiu sob os efeitos dessa luz. Após três dias, ele voltou ao médico e já não havia nada, estava curado.

No consultório, a moça que eu havia atendido voltou para mais uma sessão. Novamente, com a paciente em um estado alterado de consciência, esses Seres falaram-me através dela:

– Você, como está? E o seu filho?

– Olha, eu já tenho os resultados. Ele está bem.

– Pois é, espero que agora você possa acreditar em nós. Não queremos nada de você. Apenas que você nos ajude em nosso trabalho. Entre em contato com o médico de que lhes falamos.

A moça que eu havia acabado de atender conhecia o médico a que Dr. Vino se referia. E, com ajuda, coloquei-me em contato com ele. Do outro lado da linha, Dr. Orlando Responde:

– Orlando falando! Olá, Dr. Almeida! Há algum tempo aguardo o seu contato. Os protetores (nome que Orlando chama Dr. Vino e sua equipe) já me avisaram que você iria entrar em contato comigo; estava lhe aguardando. Conversamos bastante e uma das coisas que me chamou atenção foi que o Orlando me disse que eles tinham dito que eu seria o responsável por montar a nova religião da Era Aquariana. Daí em diante, a dita moça ia ao consultório quase todas as semanas para realizar uma sessão terapêutica, e sempre chegava através dela uma nova mensagem sobre a minha missão. Em uma delas foi dito:

– Você é um Ser que precisa cumprir uma missão muito importante para o planeta. Poderá contar com o nosso apoio. Você faz parte de nosso grupo.

Sentia-me curioso para saber de que missão estavam falando e, aos poucos, foram me revelando. Uma das tarefas relacionadas à missão era reinterpretar os ensinamentos do Cristo (os escritos bíblicos). Outra tarefa era a de implantar uma comunidade – dentre outras que me foram reveladas, e que posteriormente poderei falar a respeito. O médico com o qual continuei a manter contato, Orlando, convidei-o para vir a Salvador fazer uma palestra para o grupo. Nosso grupo se reuniu e, em senso comum, resolvemos pagar as passagens aéreas de ida e volta, para que Orlando pudesse vir do Paraná para Salvador. Na data e hora marcadas de sua chegada (era uma quinta-feira), estive à espera no aeroporto. Apareceu à minha frente um homem de estatura baixa e pele clara, trajando calças e camisa remendadas, com uma sacola parecendo mais um saco nas mãos e, pasmem, estava descalço. Perguntei-lhe:

– Você é o Orlando?

– Sim, sou eu – respondeu-me.

Fomos para o carro e seguimos para encontrar com o grupo que já nos aguardava. Todos ficaram encantados com a personalidade de Orlando – um médico com um comportamento tão humilde, tão simples! Ele hospedou-se na casa da moça que canalizava as mensagens de Doutor Vino. Na sexta-feira pela manhã, levei-o ao meu consultório para que ele pudesse conhecer. Combinamos para que Orlando apresentasse suas palestras no fim de semana (no sábado e no domingo). Lemos os livros de sua autoria, que nos enviou anteriormente, e apreciamos o conteúdo. Ainda no consultório, ele me diz:

– Almeida, vamos conversar um pouco aqui sobre a condução do grupo.

– Como assim? – Respondi-lhe.

– É preciso saber quem vai comandar o grupo, se sou eu ou você, uma vez que temos uma proposta sobre os conteúdos de meus livros que os protetores me passaram.

– Olha, Orlando, já há algum tempo eu venho me reunindo com eles. Há mesmo uma necessidade de definir uma liderança para o grupo?

– Isso é algo importante – disse ele.

– Não, eu lamento muito, mas não vou fazer isso.

Diante da minha negação, houve certa insistência por parte dele. Então lhe disse:

– Muito bem, poderei fazer o que me pede, mas que seja com o aval de Doutor Vino.

À tarde, o levei para a casa da moça que o estava hospedando. À noite, D. Orlando aproveitou que é a mesma canalizava mensagens de Dr. Vino e conversou com ela para que pudessem contatá-lo, pois necessitava de uma resposta por parte de Dr. Vino. Com o seu consentimento, colocou a moça em estado de transe. Assim, em contato com Dr. Vino, solicitou que o mesmo determinasse quem iria conduzir o grupo.

Em resposta, com uma voz apaziguadora, Doutor Vino, dirigindo-se a Orlando:

– Orlando, Almeida é o nosso escolhido para cuidar de todo esse trabalho de implantação da Nova Era aqui na face da Terra. Por que isso, Orlando?

No dia seguinte pela manhã, de novo no consultório, ele relatou-me o ocorrido. E concluiu dizendo:

– Nossa! Entre tantas pessoas na face da Terra, você foi o escolhido para trazer os novos ensinamentos para a implantação da nova religião e da expansão de consciência da Nova Era.

E assim, foi definido que eu deveria continuar a conduzir o grupo. Durante a nossa primeira reunião, Orlando perguntou-nos sobre o nome do grupo. Eu respondi que o grupo chamava-se ISAC.

Já estava na hora e o grupo no salão esperava ansioso pela palestra de Orlando. Bem, deu-se início à palestra; todos apreciando o conteúdo e a forma desprendida de ser de Orlando. Durante sua palestra (parte de um seminário de dois dias), bebia Coca-Cola o tempo todo, ao mesmo tempo que falava sobre os benefícios dessa bebida. Esse foi o momento no qual o grupo discordou e o censurou por isso. Após o seu retorno para o Paraná, ele continuou a manter contato com o grupo aqui em Salvador, assim como passava diretrizes que não chegavam ao meu conhecimento. Bem, se eu fui colocado como o líder do grupo, o correto era que, antes de passar algo para o grupo, que fosse conversado comigo antecipadamente em um senso comum. Mas o que acontecia de fato era que ele se reportava a cada membro individualmente e lhes passava as diretrizes. Eu sabia que havia algo de errado, mas assim continuou durante algum tempo. Ou seja, ele não se conformava que eu fosse o líder indicado pelos protetores.

Novos contatos e experiências com os Protetores

Em um de meus atendimentos de regressão, atendi a uma paciente, Delegada de profissão, uma moça jovem. Após a terceira ou quarta sessão, já em casa, à noite, ela acordou e viu o quarto todo verde. Relatou-me que dessa luz verde saiu uma voz que lhe dizia repetidamente:

– Procure Almeida, procure Almeida.

No dia seguinte, pela manhã, ela me procurou:

– Doutor, tenho uma mensagem para o senhor.

Contou-me o que sucedeu. E disse-me que eu precisava ir a Lençóis. Eu nunca havia ido a Lençóis. Durante um mês, eu me questionei se deveria ir ou não. Veja o relato de minha decisão.

Um determinado dia, ligou para a clínica uma senhora e solicitou marcar uma consulta comigo; era uma empresária que havia falido e estava em desespero. Quando ela disse que não podia pagar a sessão, passaram a situação para mim e eu autorizei a consulta. No primeiro dia, quando ela chegou ao consultório, ainda diante da porta, ao me ver, ela quase cai de costas. Ao se recompor, disse-me:

– O senhor é o Mestre que me aparece todas as noites em sonho para me acalentar e ensinar.

Ficou muito emocionada e deixou correr algumas lágrimas.

– Eu não sei o que pode ter acontecido. Respondi: Sou apenas um Psicanalista.

Ela insistiu no fato de que eu a visitava todas as noites e a confortava. Bem, realizei algumas sessões com ela; e foram canalizadas algumas mensagens de conteúdo bastante interessante.

Dias depois, em uma entrevista para o jornal, estávamos eu e outra Psicóloga. E esta, após o contato comigo, nos dias que se seguiram, passou a receber mensagens de uma voz que dizia para me procurar. Por trinta dias, ela resistiu sem me procurar, até que finalmente me ligou e, após identificar-se, disse:

– Eu preciso saber o que você quer comigo. Quero marcar uma sessão com você.

Na consulta, ao colocá-la em transe, mal conseguia se expressar, mas passou-me uma série de mensagens. Falou-me sobre uma Estrela e que os membros possuíam uma estrela em todos que já estavam se reunindo e que iriam aparecer para compor o grupo e outras mensagens mais. Disse-me, também, que eu precisava ir para Igatu, e lá, desenvolver um trabalho. Será realizado com sete pessoas; dentre elas, serão três crianças. Nesse local, descerá uma energia muito forte. Você será a oitava pessoa, e o que descerá, no momento exato, será a nona pessoa. A essa moça, que além de Psicóloga era Astróloga, foi solicitado o mapa de todo o grupo. Uma das pessoas do grupo iria à Suíça, e, durante o voo, encontraria com o homem que lhe daria as coordenadas e alguns documentos para que entregasse ao grupo, em Salvador. E, apenas após a sua chegada, seguiríamos viagem para a Chapada, especificamente na cidade de Igatu. Enquanto isso, todo o grupo permaneceu em preparação para o dia esperado. Essa moça, a qual aguardávamos, durante a sua viagem, conheceu um rapaz italiano no avião, com o qual se envolveu e iniciou um namoro; romance que a fez esquecer de sua missão. Ao voltar para o país, deu-se conta de que havia retornado sem os documentos que necessitávamos. Mesmo assim, decidimos ir para Igatu e nos programamos seguir em frente. Dois dias antes de viajar, originou-se um incêndio em uma vasta área da Chapada e a região para onde iríamos era uma das afetadas; isso se tornou um empecilho para a nossa viagem. Nesse meio tempo, após ter passado mais ou menos uns 15 dias, a Advogada e Delegada que me passou a mensagem de que eu precisava ir a Lençóis, entrou em contato marcando uma nova consulta e, durante a sessão, um Ser, através dela, questionou-me sobre se eu havia decidido ir a Lençóis. Perguntei-lhe sobre o que eu haveria de fazer lá e ele me respondeu:

– Quando você decidir, passaremos o que deve ser feito.

Depois de ter passado mais uns 15 dias, durante a sessão terapêutica da Delegada, disseram-me:

– Está na hora.

– Irei – respondi-lhes.

– Caso você não vá, deve voltar para casa.

Entendi a expressão voltar para casa, da seguinte forma: se você nasceu com uma missão para dar seguimento e decide por não cumprir, então, deve voltar para casa, pois a sua presença nesse local já não faz mais sentido. Como já tinha confirmado a minha ida, passaram-me as devidas instruções. Não poderia viajar de ônibus e deveria ter dinheiro em mãos. Nessa época, o meu carro era um Monza, e não estava muito bom, esquentava muito. Então, o troquei por um Tempra. No fim de semana seguinte, viajei sozinho para Lençóis; nunca tinha ido a essa cidade. Avisaram-me para ficar atento aos sinais, pois surpresas estavam por vir e que eu vivenciaria algumas situações extraordinárias. Parti em direção a Lençóis. Bem antes de chegar à cidade (entre 30 e 40 km), estava conduzindo tranquilamente, enquanto passava em frente a umas grutas, nos montes, ao meu lado esquerdo. Ao observar o céu, estava completamente azul, livre de nuvens, com exceção de uma grande nuvem em forma de palma (folha de palmeira ou folha de coqueiro). Aquilo chamou a minha atenção; então parei o carro, peguei a câmera e tentei fotografar; a câmera caiu da minha mão e não fotografou. Aquela imagem ficou gravada em minha mente e lembrei do que me disseram sobre estar atento aos sinais. Também recordei do que me disseram quando lhes perguntei sobre o que eu ia fazer lá, e responderam:

– Você vai abraçar uma árvore de tronco grosso.

– Meu Deus, como vou abraçar uma árvore? Em Lençóis, pelo que sei, tem muito mato e inúmeras árvores. Como vou saber qual é a certa?

– Não se preocupe, a árvore está próxima a uma clareira de formiga. Nós lhe orientaremos.

– Tudo bem.

Chegando à entrada de Lençóis, pouco antes do meio dia, avistei um hotel e lá fiquei (pois já haviam me orientado sobre este hotel). Consegui um quarto e lá deixei minha bagagem. Na recepção, perguntei à moça que lá estava se serviam refeição vegetariana. Como não serviam almoço vegetariano, me indicaram onde eu poderia encontrar e me foi entregue um bilhete, apresentando-me para o dono do restaurante que se localizava no centro de Lençóis. Segui, então, para o centro da cidade. Ao chegar, procurei pela pessoa a quem correspondia o bilhete e entreguei-lhe. Enquanto eu almoçava, o dono do estabelecimento me olhava com certa frequência. Quando terminei de almoçar, e dirigi-me para fazer o pagamento, ele disse-me:

– Olha, moço, é até desagradável o que vou lhe dizer, pois o hotel que o senhor está hospedado foi que lhe mandou para cá. Mas estou intuindo algo e devo lhe dizer. Creio que o senhor deve ir para outro local, “Pesque e pague”.

– Que local é esse?

– Fica a quatro quilômetros daqui da cidade. O senhor vai entrar à direita e sairá no “Pesque e pague”.

Foi, então, que eu entendi o porquê que eu deveria viajar de carro, e não de ônibus. Pois só assim teria acesso a esse local. Então, ele fez um bilhete me apresentando para a direção do Pesque e Pague. Parti em direção ao local indicado, entrei em uma estrada, de mato adentro, e lá cheguei. O “Pesque e Pague” é um local onde as pessoas pescam e pagam pelo peso do que pescou. No local, apresentei o bilhete recomendado a uma senhora que lá estava, dizendo que pretendia ficar ali naquele fim de semana. Ela disse-me que ali não tinham um local para que eu pudesse me hospedar e que seu marido só chegaria à noite. Perguntei se podia aguardar, ela respondeu que sim. Decidi aguardá-lo enquanto observava as pessoas pescarem. Logo à noite, chegou o marido da senhora que havia me atendido, ela relatou-lhe a situação. Vindo até mim, disse-me:

– Olha, como o nosso filho está viajando, o Sr. poderá vir conosco e ficar no quarto dele em nossa casa. É apenas por uma noite, não é?

– É sim – respondi.

Então fomos para a casa deles. Lá, tomamos café, e me levaram até o quarto do filho deles. Era tudo bem arrumadinho. Tive uma boa noite de sono; e, logo pela manhã, depois do café, voltando-me para o proprietário, disse-lhe:

– O senhor conhece algum local aqui pelos arredores que tenha uma árvore com um tronco bem grosso? Pois eu preciso fazer umas pesquisas e uma meditação.

Apontando para uma zona de floresta no alto e distante, falou:

– A única região que pode haver árvores assim é para aqueles lados, lá no alto. Lá tem umas árvores grossas e é mata fechada, que não entra nem luz do sol.

– Agora, para o senhor chegar lá, não sei como pode ser. Pois é mata fechada. Mas vou fazer o seguinte, vou chamar um empregado nosso que conhece bem a região e que poderá lhe acompanhar.

Ele chamou o rapaz, que se preparou com um facão, fomos para o carro e seguimos por uma estrada de terra. Ao chegarmos em um determinado local, o rapaz disse-me:

– Deixe o carro aqui, porque agora a gente vai entrar mata adentro e, subindo essa ladeira, apontando para o lado esquerdo da estrada onde deixamos o carro estacionado e começamos subindo e abrindo passagem com o facão. À medida que ia subindo e ele via uma árvore de tronco grosso, ele perguntava e apontava “É ESTA?” e Ele sempre perguntando – “É essa a árvore?”, e eu dizia, “Não”. Pois eu buscava uma árvore que tivesse por perto uma clareira de formigas. Seguimos mata adentro, uma mata tão fechada, que malmente os raios de sol conseguiam entrar. E ele me perguntou:

– O senhor vai ficar aqui sozinho?

– Vou, sim.

– Porque aqui está tão distante! Se acontecer alguma coisa e o senhor gritar, ninguém lhe ouve. Ou se acontecer alguma coisa, não tem como saber se o senhor está em perigo para lhe socorrer, não tem nenhuma casa por perto. Portanto, cuidado! Ninguém vai poder lhe socorrer, por não ter como contatá-lo.

– Estou certo disto! Respondi para o rapaz, e, dentro de mim, eu dizia, estou confiante que nada vai acontecer; estou sendo guiado e protegido Espiritualmente. Vamos em frente!

Continuamos a andar por mais de meia hora, até que chegamos a um determinado local e eu vi a clareira. Olhei em volta e localizamos à direita uma árvore que me chamou a atenção e, intuitivamente, apontei e confirmei com o rapaz que era aquela árvore. Mas, para chegar até a árvore, era necessário cortar bastante mato. O rapaz seguiu à minha frente, abrindo caminho com facão. E, quando se aproximou da árvore, deu um grito.

– O que houve? – Perguntei.

– Olhe o que eu achei.

– O que foi?

– Um cachorrinho.

Era um cachorrinho recém-nascido, preto, andando em volta dos pés da árvore. Então o rapaz disse:

– Vou levar para mim.

– Não leve, não! Deixe ele aí! – disse sob intuição.

Quando pude me aproximar mais da árvore, percebi que havia não somente um, mas três, um branco e outro bege e a cadela não estava presente; eles estavam sós. E tinha uma pequena toca no chão onde eles entravam e saiam. Achamos estranho. O rapaz, então, disse:

– É essa árvore?

– Sim – confirmei.

Na base da árvore, não batiam raios de sol, mesmo com o sol forte que estava. O rapaz voltou a me perguntar se eu ia ficar ali. E eu lhe respondi afirmativamente que sim. Tornou a me alertar de que eu não teria acesso a socorro, caso acontecesse algum acidente. Disse-lhe que não havia problema. Então, perguntou-me se podia ir embora, e eu lhe disse que sim. Enquanto ele ia embora, o observei até que não o vi entre os matos. Repentinamente, veio-me um pensamento sobre aqueles filhotes, que me causou um profundo medo, e refleti, – na cidade, quando uma cadela está parida, qualquer um que encoste em seus filhotes, ela avança na pessoa. Estou aqui distante de tudo e de todos, no meio desse mato, junto a esses cachorrinhos recém-nascidos; se essa cadela aparecer, não tenho nada com que me proteger. Nesse momento, senti medo – vou sair daqui e comecei a desistir e voltar com bastante medo. Quando dei cinco passos, ouvi uma voz interior me dizendo:

– Você é um homem ou um rato? Preste atenção! Você veio de tão longe! Chegou ao local exato e vai desistir por medo?

Pensei – é verdade, medo nenhum. E voltei, dei novamente os cinco passos de volta ao local dos cachorros que estavam no pé do tronco da árvore que ia abraçar. Quando me aproximei novamente da árvore, já não havia cachorro algum, haviam desaparecido; olhei na toca e não tinha nem vestígios dos cachorrinhos. Para onde foram? Eram tão reais!!! Como desapareceram assim rapidamente? Tudo aconteceu no plano paralelo? Ah! Entendi que foi um teste que passei para vencer o medo. Coloquei-me em estado de meditação, aos pés da árvore; em seguida, levantei-me e abracei a árvore. Quando a abracei, surgiu um barulho enorme separando as copas das árvores, afastando suas folhas, de modo que permitiu a entrada de raios de luz, com uma iluminação extremamente maior que a iluminação do próprio sol. Essa luz banhou a árvore e a mim. Foi uma experiência fantástica, uma luz que iluminou o ambiente, como se fossem inúmeros sóis. Em seguida, tudo foi voltando ao seu lugar e o barulho foi diminuindo. A sensação é como se um helicóptero estivesse sobrevoando o local e o vento emitido por suas hélices movimentasse as copas das árvores. Pois ventou muito forte, de modo a afastar as folhas e permitir o surgimento daquele raio de luz amarelo, simplesmente fantástico. Senti uma paz interior tão grande! Então percebi que a missão estava cumprida. Voltei pelo mesmo caminho e cheguei até o carro. E segui com aquela sensação de missão cumprida. Voltei ao “Pesque e Pague”, paguei a conta e peguei a estrada de volta com uma sensação muito boa. No dia seguinte, segunda-feira, fui trabalhar. No consultório, ainda pela manhã, estava eu sentado em minha escrivaninha; uma colega entrou em minha sala e sentou à minha frente. Quando eu a olhei nos olhos, ela soltou um grito, se curvou com as mãos no abdômen, na altura do estômago, e saiu gritando e chorando compulsivamente. Eu, preocupado, fui saber o que tinha se passado. E ela só dizia repetidas vezes:

– Se afaste, se afaste, não olhe para mim.

Quando ela voltou a si, já foi leve e tranquila. Perguntei-lhe o que ouve. Ela disse-me:

– Quando olhei para seus olhos, você emitia raios de luz. Entrava em mim e mexia com meu plexo. Mas depois me senti melhor, mais leve.

– Ah, está bem! Desculpe-me!

Não olhei mais em seus olhos. Ela voltou ao trabalho. Pensei: preciso tirar as dúvida – vou testar com mais uma pessoa. Na sala em frente, perguntei:

– Cristina, você está livre aí?

– Estou.

– Dá um pulinho aqui na minha sala.

Ela veio e sentou à minha frente. Eu olhei em seus olhos e aconteceu a mesma coisa. Ela se assustou e começou a chorar, com as mãos na região do estômago, e saiu correndo. Quando passou tudo, ficou leve e tranquila.

Disse-me:

– O que foi isso? Quando olhei em seus olhos, foram muitos raios de luz que surgiram.

– Cristiana, eu não senti nada. Mas desculpa! Você está bem?

– Estou.

Daí em diante, tomei o cuidado para não olhar nos olhos de ninguém. Isso deu-se na segunda. Terça à noite, sempre nos reuníamos, e tive o cuidado para não olhar nos olhos de ninguém. Na quinta-feira, tivemos uma reunião. A moça que havia esquecido os documentos durante a viagem à Suíça, por se encantar pelo italiano, por um descuido, olhei nos olhos e se repetiu o que havia acontecido com as demais. Ela sentiu o impacto, se curvou e depois me falou sobre os raios de luz que saiam do meu olhar. Mais uma vez me desculpei pelo ocorrido. Na sexta-feira, íamos para um encontro na Fazenda Mutá, na ilha. Algumas atividades estavam programadas. Seria na sexta à noite, sábado e domingo. Chegamos todos na sexta à noite e fomos descansar. No sábado, após um dia de atividades, à noite, fomos jantar. Após o jantar, estávamos conversando, eu e mais duas colegas. Mas algo no comportamento delas já estava me incomodando. Elas olhavam para mim e riam, se entreolhavam e não continham os risos. Chateado, lhes perguntei:

– Por que vocês olham para mim e riem?

Uma delas, então, me respondeu:

– É porque você fica desaparecendo e aparecendo, fica invisível e volta.

– Que estranho! Parem de brincadeira! – disse-lhes.

Sugeri que chamassem outras pessoas e fôssemos dar uma volta na praia, pois ficava próxima de onde estávamos. Chamamos outras pessoas do grupo para acompanhar-nos. Concordaram e fomos andando. No trecho que levava até a praia, não havia luz; nesse caminho, havia um riacho que deveríamos cruzar para chegar até a praia. Como ninguém quis molhar os pés, então eu lhes disse:

– Façamos o seguinte. Eu sigo o leito do riacho, para ver se encontro uma passagem, e vocês me aguardam aqui.

Entrei pelo mato, seguindo o riacho, e comecei a ouvir gritos. Quando saí para ver o que estava acontecendo, estavam todos gritando e correndo.

– O que está acontecendo aqui? – Perguntei.

– Tinha uma luz se movendo no meio do mato.

– Não, não gente, sou eu, sou eu!

– Mas parecia uma luz, uma visagem andando no meio do mato.

Os efeitos daquela energia, adquirida na viagem à Chapada, ainda estavam muito presentes. Com isso, voltamos.

Ao comunicar-me com a Espiritualidade, lhes disse:

– Informei que eu não posso ficar sem poder olhar nos olhos das pessoas, pois os raios estavam incomodando.

– Responderam – Quanto aos raios que saem de seus olhos, fique tranquilo! Está se acomodando e logo, logo, vai passar. Foi uma carga muito grande de energia.

– Perguntei – Doutor Vino, o que foi aquela experiência que aconteceu lá na Chapada, com aquela luz?

– Olhe, meu filho, não lhes explicamos que você iria fazer uma viagem dessas para esse fim, mas você passou por uma iniciação.

O grupo, que se reunia todas as terças-feiras, até então, se chamava ISAC; mas eu fui instruído a mudar o seu nome, para que fosse dado um caráter de movimento, pois era isso que estávamos criando – um Movimento de Preparação para a Volta e o Encontro com o Cristo (MPVEC). Então reunimos o grupo e lhes foi informada a mudança e o motivo. Mas isso já havia se iniciado na Clínica, em Brotas. A partir daí, passou a se chamar MPVEC. Em um desses encontros, conheci Celeste; fizemos parceria em alguns trabalhos. Posteriormente, conheci a sua mãe, Laura, e também a sua tia; em meio aos estudos que fazíamos, decidimos sair um pouco da teoria e partirmos para a prática. Passando a nos reunir nas terças, com essa finalidade; e, para isso, entrei em contato com Orlando e o chamei para participar. Uma das pessoas que fazia parte do grupo, era minha paciente, e tinha um sítio em São Sebastião, que ficava fechado. Decidimos nos reunir, uma vez por mês, nesse local. Quando Orlando chegou a Salvador, com a mesma mania de passar diretrizes ao grupo sem me comunicar, reuniu o grupo e disse-me:

– Almeida, eu quero conversar somente com o grupo.

– Mas, Orlando, eu não posso participar?

– Não! Deixe que eu converso com o grupo a sós.

Então reuni o grupo e deixei-o sozinho com as pessoas que passaram as informações que ele queria. Algumas pessoas não gostaram de sua ideia e as queixas chegaram até mim:

– Almeida, você nos reuniu para apoiar essas loucuras?

– Mas eu não sei o que ele falou! – Respondi-lhes.

Então, contaram-me sobre o que lhes foi proposto por Orlando – “Vocês estão sendo preparados para fazer uma peregrinação” – para isso, todos sairiam sem dinheiro, descalços, pedindo carona, esmolas, para conseguir alimento, dormindo em calçadas, ao relento, viajando pelo Nordeste para trabalhar o desapego e ajudando as comunidades carentes; essa foi a sugestão de trabalho para reeducar o ego. Ora! Quem aceitaria fazer um trabalho como esse? Com isso, o grupo se chateou, pois era algo que não se encaixava no estilo de vida daquelas pessoas. Ainda assim, fomos para São Sebastião para realizar o nosso primeiro encontro de práticas; posteriormente tivemos o segundo e o terceiro encontros. Até que os interesses da proprietária do sítio divergiram do que buscava o grupo. Sendo assim, cortou a possibilidade de o sítio ser usado pelo Movimento. Ao sairmos de lá, fomos para outro sítio, em São Cristóvão, onde retomamos os nossos trabalhos.

Anteriormente, em um dos encontros das terças-feiras, manifestou-se um Ser, através de uma moça chamada Nice; inicialmente, apresentou-se como Apolo, e, através dessa moça, ele desenvolveu algumas palestras. Posteriormente, esse mesmo Ser, passou a ser chamado de Akalazan, que continuou nos orientando. Dr. Vino, após aquela iniciação na região de Lençóis, se afastou. A função e tarefa de Akalazan ficam claro que eram para me preparar para encontrar-me com meu espelho, como ele chamava Janaína. Depois disso, cumprida a tarefa, também se afastou. E, hoje, somente ISA, JESUS ou Yeshua continua nos guiando.

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